Juiz do julgamento de Lucas, irreversível na validação da «inventona» de 25 de Novembro – Téla Nón

Não há ninguém que seguiu julgamento, que não tem, dos olhos nus de ver que eu sou inocente. Procurador da República está a fazer de tudo para me incriminar e me incriminou, disse em voz alta, em bom som, que têm que, o juiz tem que, ele não disse, juiz vai ter que tomar uma decisão. Ele determinou juiz, “Juiz tem que me condenar!”»

«Eu não minto! Into e Isaac foram mortos, em minha frente! Quem matou Isaac, eu identifiquei até o nome que é o tenente Blô.

Hoje, abrimos o espaço com o grito de socorro de alguém que dispensa apresentação. O propósito, é fazermos a abordagem jurídica – existem outras – através do advogado das vítimas do Massacre de 25 de novembro de 2022. Que fique bem claro! Todavia, para manter elegância e seriedade, nossa marca, respeitamos as diversas opiniões que, para tal, juntando provas aos factos, já fizemos aqui passar o 1º Ministro com a intervenção daquela manhã sangrenta e mortífera.

Entramos no capítulo IV, ouvindo Bruno dos Santos Lima Afonso, Lucas, o único sobrevivente do Massacre de Morro. Prossiga, por favor, com o seu direito à palavra.

«E quem matou pessoas? Que é de conhecimento do procurador que matou quatro pessoas que, foram mortas.

Eu estive em Mama Muxima, eu estive no bairro de Hospital, na noite de 25 de novembro, 24, vim de trabalho de (roça) Bombaim, mulher, «tlipa ku bega, na ka fatá uxi fá» (em casa, não falta zanga de casal). Eu e mulher, nós temos um mal-entendido e aconteceu que eu saí, fui para praça, comprei combustível, porque sou habituado a subir de manhã cedo com carro, para levar trabalhador para prestar serviço, lá em cima. Eu non sei.

Quando eu cheguei, encostei carrinha, peguei uma moto, fui ao bairro de Hospital. Estive no bairro do Hospital a arrefecer minha cabeça. Peguei um frango e minha cerveja e teve o troco. Desloquei para contentor, fui para comprar… De um tempo, telefone estava a tocar. E quando telefone estava a tocar, quem que estava a ligar para mim, foi Isaac. Deu-me um louvor que é:

– “Bô noite, como estás? Onde você está?” Eu identifiquei-lhe que eu estou no bairro do Hospital.

Epa! Eu tava numa cabeça fria. Estou a arrefecer cabeça, porque eu e mulher estamos numa confusão. Então tô.

– “Não! Porque só liguei para dar você um ôi!”

Está a afirmar que não é dos jovens sem ocupação profissional e nem partilhava aquela noite com os seus amigos?

«De um tempo, apareceu Armando, Isaac, Into, tenente, um dos tenentes, naquela altura, eu não sabia o nível de patente dele, mas depois vim saber que é Stoy Miller, estava dentro de carro, vidro fechado. E era umas coisas, uma das coisas que eu falei, mas meu advogado tem conhecimento.»

E depois? Vieram lhe ajudar a comer o frango e tomar cervejas para, entre amigos, melhor arrefecer a cabeça para regressar à família com as estrelas brilhantes de oferecer amor à esposa? 

«Levaram-me para quartel, quando eu chego… Mama Muxima para entrar, eu fiquei um pouco bravo, porque eu disse, o quê que nós vamos entrar quartel para ir fazer?

Eu quando, a reclamar isso para entrar, disse que eu não vou, um dos soldados, porque eu quando fingi, desci para atrás de carrinha, ir urinar, eu vi dois militares. Quando eu vi dois militares, então, eu comecei a falar alto.»

A estratégia para fugir da emboscada dos militares, resultou em cheio ou teve que assediar os soldados com “boca doce”, ou seja, palavras simpáticas?

«Quando eu começo a falar alto, para chegar lá deles, eu vi mais dois militares, a vir de posição de hospital. Quando eu fiquei bravo, comecei a falar tão alto, um dos soldados me deu com arma nas costas. Deu-me uma coronhada de arma nas costas. Mandou para eu andar e, um militar perguntou:

“Chêi! Vocês não falaram ele, nada!?” Outro disse:

“Nós não temos conhecimento, gente non chegou de falar ele nada, mas pá, já que homem está aqui, homem tem que entrar quartel!”»

Meu Deus! Não há razões mais que suficientes de terem apagado o arquivo humano, assassinando com dose de ódio e vingança, impensáveis, quatro civis, um deles sequestrado em casa!? Não será que todos eles foram sequestrados? Lucas! O que pretende com o grito de socorro?  

«Minha gente!

Então! Eles foram buscar-me. Eu vou parar por aqui, porque militar, é quem me pôs dentro do quartel. Militar é quem me deu arma e tudo que eu tenho para ser dito e, noutros vídeos que vocês poderão ter privilégio, para aqueles que têm acesso de querer seguir este vídeo, eu passei muita, mas muita mensagem para juízes de São Tomé e Príncipe.

Estou com problema de pescoço. Tenho problema de meio das costas, não sei nome do osso das costas e, tenho problema, minha perna esquerda, estou com problema no meu testículo para ser operado e eu tenho uma parte das costas que o doutor cubano disse, ou pôr gesso ou… Eu estou fazendo esforço para que nada disso aconteça na minha vida, para ver se, com tratamento, minha mãe está fazendo muito tratamento à minha pessoa.

Mas minha gente! Aqueles que têm privilégio entrar nesta «live» de, o meu amigo ali, então, eu estou compartilhando este vídeo pedindo, faz-favor, eu quero provar minha inocência.

Que justiça de São Tomé, seja feita!»

Doutor Miques Bonfim! Pautamos pelo rigor, pela isenção e imparcialidade e, não escolhemos época chuvosa para fingir chover-chuva e dispensar sereno na gravana de estragar festa de freguesia.  Daí que zonas cinzentas, animaram a vasculhar de novo o baú e após a abertura com o grito de socorro de Lucas, agora para refrescarmos memórias, nada melhor que disponibilizarmos aos leitores, o extrato do discurso do Presidente da República, Carlos Vila Nova, apresentado no encontro aos conselheiros do Conselho Superior da Defesa Nacional, decorrido no dia 27 de Novembro de 2022, dois dias após a brutalidade militar.

«Eu, lamento bastante a perda de vidas humanas. Por isso, daqui endereço os meus sentimentos de pesar às famílias enlutadas.

Eu, posiciono-me contra qualquer tentativa de usurpação do poder constitucionalmente instituído pela via das forças, usando armas, procedendo ataques de uma instituição militar que pauta pela defesa das instituições, democraticamente eleitas, que pauta pela defesa dos órgãos, democraticamente eleitos.

Dito isto! Felicitar a firmeza e a pronta resposta das Forças Armadas perante este ato… orquestrado, bem preparado, porque ninguém tenta invadir um quartel, às forças para que de lá, se encontre rebuçados ou outro tipo de material. Foi para que se apropriasse de material bélico com a cumplicidade de muitos elementos no interior das Forças, o que tornou a operação mais difícil e mais complicada.

Por isso, hoje, felicito as Forças, pelo facto de terem sabido reagir, sabido defender a Nação, defender as instituições, democraticamente eleitas e podermos estar aqui, a conversar. Porque eu poderia não estar aqui! As implicações do ato também eram externas ao quartel das Forças Armas e, a dimensão do ato, não é de todo, não é completamente conhecido e, daqui eu faço, um apelo a todas as instituições para que se proceda a investigação, que se proceda aos inquéritos necessários para que a justiça, seja feita. Para que se encontre todas as razões e motivações do ato.

Precisamos de conhecer, porque dúvidas não há, eu por aquilo que hoje sei e, detenho como informação, foi claramente, uma tentativa de golpe de Estado, perpetrado, a perpetrar contra as instituições e contra os seus dirigentes. E, este facto, leva-me também a felicitar o ato heroico do tenente Marcelo, porque sem a sua atitude, se calhar não estaríamos todos aqui, a falar deste assunto, como um ato que não foi possível ser consumado por razões que ainda não conhecemos.

Daí, todas as razões. Daí, eu insistir, que é preciso nós irmos a profundidade das questões, conhecer todos os detalhes, tudo quanto estava preparado. Procedendo a inquéritos, procedendo a prática da justiça. Eu sei que os casos todos, já estão entregues à justiça, à Polícia Judiciaria e ao Ministério Público. À eles, no quadro da separação de poderes, exercerem o seu poder, investigarem e esclarecerem, devidamente essa situação, porque não só, espero nunca mais volte a acontecer no nosso país, como também, espero que se clarifique duma vez por todas, as motivações, os atos e as razões de tais práticas por pessoas que não se conformam, a serem eleitas, a serem escolhidas e a respeitarem aquilo que é a manifestação popular, através de voto.»

Para si, senhor advogado! Hoje, não constitui e de forma clara, violação flagrante contra consciência constitucional, quando o Chefe do Estado, não só corroborou, sem fundamento, com a hipocrisia governamental, mas deu sentido à sentença lida dois dias antes pelo 1º Ministro do XVIII Governo, ou seja, autorizou caça às bruxas?

As inúmeras arbitrariedades, apenas num ano do governo que garantiu “Estamos Prontos”, obrigam questões inevitáveis. Com as provas de factos detalhados por si, nos anteriores capítulos, identificando o autor «moral e material» do hediondo crime partilhado neste jornal digital, não era de esperar reação oficial? Veja como o Presidente Marcelo, em contrário, vem reagindo a algo de ter, por humanismo, interferido na salvação de vidas humanas de crianças luso-brasileiras!

Enquanto oposição parlamentar não solicitar a ida do Chefe do Governo ao parlamento para se defender da revelação de ser ele, o «autor moral e material» da chacina, a grande questão. À luz do Estado de Direito democrático, não acha que o Presidente da República, vai tarde demais, na convocação do novo Conselho Superior de Defesa Nacional, na presença de membro da oposição parlamentar para ouvir e debater explicações do 1º Ministro que também telefonou naquela manhã ao Chefe do Estado-Maior, a informar de homicídios no quartel?

Ok! Não responde questões de fórum político? Regressados à sala de audiências de julgamentos, na passada segunda-feira, dia 4 de Dezembro, com testemunhas de peso, os senhores deputados Jorge Bom Jesus do MLSTP, 1º Ministro cessante, Elísio Teixeira e Arlindo dos Santos, o Bala, os dois da bancada parlamentar de ADI, no poder, qual testemunho deve partilhar com os leitores?

«O Elísio Teixeira pode dizer o que bem entender, mas que estava, há testemunhas que lhe viu lá. Ficam tranquilos que temos as provas reunidas.»

Ele esteve a altura daquilo que o senhor bem previa na última conversa. E o seu colega partidário, Arlindo, também usou a mesma estratégia para contrariar o seu cliente?

«Com autorização da entidade competente não comparece ao Tribunal, além de faltar com o respeito aos Tribunais. Demonstra-nos um sinal claro de que está a fugir. O senhor Arlindo Santos está a fugir de quê?»

O antigo ministro da Justiça, Elísio Teixeira, negou ao seu primo, o juiz Edmar Teixeira de que esteve no quartel militar. Pior, o deputado Arlindo dos Santos, o Bala, viajou ao estrangeiro para não testemunhar na sala de audiências do julgamento do seu assistente, o Lucas. O sargento Chivo, de nome Silvino de Pina, continua foragido em Portugal? Já lá vamos, assim como ao Tribunal Militar! Doutor Bonfim!

A espera de alegações finais para o próximo dia 20, clarifique para consciências adormecidas, o enquadramento atual de todo esse processo de julgamento de Lucas. É interessante saber que custe, que custar, há mesmo que premiar a mentira do falso assalto ao quartel militar por quatro civis, descalços, inocentes, sequestrados e assassinados pelos militares? Apagado arquivo humano, porque o juiz não celebrar um acordo judicial, mandar arquivar o processo e, em consequência, as instituições e individualidades, claro, apresentarem pedido de desculpas à família, aos familiares e são-tomenses, em geral? Sem fugir de baliza judicial, por favor, traga mais abordagem jurídica com provas aos factos do horroroso crime militar de 25 de novembro de 2022.

«Como objetivo, é Lucas, porque eles querem provar que houve o golpe de Estado, a todo custo. Eles querem provar que houve assalto ao quartel, a todo custo. Então! Retiram o Lucas, apenas porque é o Lucas que lhes interessa. Não conseguiram matá-lo no quartel, então querem pô-lo, condená-lo preso a todo custo. E ao aperceber no processo, vamos ter que afastar esse Miques. Porque ele vai nos criar problemas. É aí, onde vem, o processo Lucas, sozinho, em ser julgado, como se houvesse um terceiro processo.

Face a essa situação, começou-se a questão de julgamento e aquilo que nós encontramos, sentado com a toga preta, a julgar o Lucas, não é o juiz. Aquilo só pode ser um comissário político… Aquilo não é juiz!» 

José Maria Cardoso

06.12.2023

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